domingo, 15 de julho de 2018

A perseverança de Eliseu


Texto base: 2 Reis 2.1-14
Elias foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento. Seu discípulo, Eliseu, estava sendo preparado para ser seu sucessor. Naquela época, o discipulado era o principal meio de formação profissional e ministerial. Na convivência com o mestre, o aprendiz era ensinado e treinado.
Quando chegou o tempo do seu arrebatamento, Elias esforçou-se por deixar Eliseu em uma das cidades de Israel, mas o discípulo estava decidido a não se afastar do profeta. Assim passaram por Gilgal, Betel, Jericó, chegando finalmente ao rio Jordão.
Ainda na primeira cidade, Elias, com provável intenção de testar o seu moço, disse: “Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel”, e o mesmo foi dito em cada lugar. Eliseu poderia encerrar a sua caminhada em algum daqueles pontos, acomodando-se ao conforto da cidade escolhida, mas estava determinado a prosseguir. Sua resposta constante era: “Vive o Senhor e vive a tua alma, que não te deixarei”.

Durante o tempo de convivência, é provável que, muitas vezes, Elias tenha dito: “Vamos, Eliseu”. Afinal, no ministério profético itinerante, os deslocamentos eram frequentes. Mas, desta vez, Elias disse: “Fica aqui, Eliseu”. Era um teste para saber o que havia no coração do discípulo. Por exemplo, se todos os dias a mãe manda o filho pra escola, o que acontecerá quando ela disser: “Hoje, você pode ficar em casa”? Se ele não demonstrar qualquer interesse pelos estudos, será, talvez, um momento de decepção. Eliseu poderia ter dito: “Ótimo, Elias. Eu já estava cansado mesmo. Vou ficar por aqui”. Não! Eliseu tinha um alvo e queria prosseguir, não apenas por causa de uma ordem, mas por um impulso interior. A obediência, tão importante e necessária, não é o máximo que Deus deseja de nós. A proatividade bem direcionada é fundamental. Quando somos liberados para fazer o que está nos nossos corações, o mais importante vem à tona, demonstrando nosso caráter, valores e prioridades.
Eliseu poderia ficar em Betel, cujo nome significa “casa de Deus”, mas queria prosseguir. Poderia ficar em Jericó, a aprazível “cidade das palmeiras”, mas o que ele buscava não era sossego e tranquilidade. Certamente, o cansaço da viagem era grande, mas a determinação de Eliseu era ainda maior.
Aquela relação de discipulado estava chegando ao fim. Eliseu já havia convivido com Elias durante um tempo que não sabemos precisar. Milagres foram presenciados, e o conhecimento foi transmitido. Contudo Eliseu queria a unção dobrada.
O mesmo acontece na nossa caminhada com Jesus. Cada experiência, por mais maravilhosa que seja, não precisa ser necessariamente a última. Existe muito mais adiante. Existem níveis maiores a serem alcançados. O perdão, a cura e a libertação são apenas marcos iniciais da jornada. Logo vem o compromisso representado pelo batismo nas águas, o revestimento de poder do Espírito Santo, os dons espirituais e o ministério.
Em cada lugar por onde Elias e Eliseu passavam, havia um grupo de discípulos residentes ou, por assim dizer, “estacionados”. Eles sabiam que Elias seria arrebatado, mas nenhum deles recebeu a unção dobrada. Isso nos mostra que o conhecimento, embora desejável, não é tudo o que precisamos ter. Ele será insuficiente ou até inútil, se não houver em nós a atitude correta e a determinação de buscar a unção do Espírito Santo ou a sua aplicação prática.
Em todos os estágios da vida cristã encontraremos pessoas acomodadas, para as quais o nosso desejo de crescimento será estranho e incômodo. Como está escrito: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Os 6.3). Precisamos avançar. O que podemos fazer neste sentido? Qual pode ser o próximo passo? São questões pessoais que devem produzir as devidas decisões.
:: Pr. Anísio Renato de Andrade

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